A economia circular como potencial solução para uma indústria da moda mais sustentável e duradoura
Atualmente, a indústria da moda é uma indústria eminentemente poluidora pelo que os danos ambientais estão a aumentar à medida que este negócio lucrativo cresce. Consequentemente, o impacto económico, social e ecológico é avultado, especialmente no meio ambiente envolvente e nos seus recursos naturais. Desta forma, é imperativo promover a mudança e implementar novas ações e iniciativas, a fim de reduzir esta pegada ecológica.
O gradual interesse no modelo da economia circular é identificado pelos investigadores como uma solução eficaz na mitigação dos problemas e desafios ambientais. A economia circular emerge como uma forma de combater o desperdício nas indústrias mais poluentes através de uma reutilização dos produtos produzidos. Em contraste com a economia linear, a economia circular utiliza os princípios dos 3R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) como instrumento no combate do desperdício. Assim, contrariamente àquilo que se verifica nas últimas décadas, este novo modelo tenta responder a um dos principais desafios da época contemporânea: os problemas ambientais. Ao invés do paradigma de consumo basear-se na produção-uso-abandono, a nova norma de consumo traduz-se na seguinte sequência produção-uso-reutilização.
Os Custos Ambientais da Indústria da Moda
A indústria têxtil é a quarta indústria com maiores níveis de utilização de recursos naturais, o que conduzirá à impossibilidade de acesso ou escassez de recursos para as gerações futuras. Este impacto deve-se sobretudo a dois fatores em particular: a deslocação da produção para países emergentes ou em desenvolvimento com baixos custos laboraria e o desenvolvimento/aumento de procura da “fast-fashion” pelo consumidor.
De acordo com o relatório publicado pela “Global Fashion Agenda and The Boston Consulting Group”, o desperdício causado pela indústria da moda aumentará para 148 milhões de toneladas até 2030. Entre os países mais poluidores, verifica-se a presença de Portugal que, apesar de se encontrar no Top 10 de entre os mais poluidores, tem efeito consideráveis esforços na redução do desperdício. Entre 2004 e 2014, Portugal registou uma descida de -92% de desperdício têxtil, o que indica que há uma preocupação em combater esta adversidade. Contudo, o impacto ambiental da moda no consumo dos recursos naturais e no ambiente continua a crescer. Segue-se alguns factos de algumas das sequelas provocadas no ambiente:
- Em 2019, a UNEP aferiu que 60% dos materiais da produção da cadeia de valor desta indústria são de plástico (poliéster);
- A Indústria têxtil contribui com cerca de 20% para a poluição das águas;
- 500.000 toneladas de microfibras são libertadas para os oceanos devido à lavagem de roupa, o que equivale a 50 mil milhões de garrafas de plástico (Fundação Ellen MacArthur, 2017);
- Um camião com produtos têxtil é queimado ou levado para um aterro sanitário a cada segundo;
- A indústria da moda é responsável por 8-10% das emissões de dióxido de carbono.
A Economia Circular na Moda
Por conseguinte, a economia circular surge como um potencial instrumento no combate para a redução do desperdício de roupa e redução de utilização de recursos. O objetivo da economia circular nesta indústria centra-se na expansão do ciclo de vida dos produtos têxteis e vestuário, na sua reciclagem e reutilização, bem como na utilização de matérias-primas reutilizáveis. Por sua vez, esta nova abordagem minimizará o desperdício e manterá os materiais dentro do ciclo de produção a longo prazo. Ademais, a mudança para materiais sustentáveis na cadeia de produção da indústria tem como finalidade eliminar da sua base resíduos nocivos como o plástico.
Nesta perspetiva, a União Europeia implementou uma agenda dedicada ao combate do resíduos têxteis através da iniciativa “European Clothing Action Plan” que visa a adoção de um modelo de economia circular neste setor com especial atenção para a redução do desperdício. Esta iniciativa da UE fornece várias medidas verticais e horizontais aplicáveis a esta indústria que contribuirão para uma gestão sustentável de inúmeras cadeias de valor. Face à consciencialização pela sociedade, as entidades internacionais têm implementado várias iniciativas de modo mitigarem a pressão nos recursos naturais e respetivo desperdício.
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