Uma aliança entre um oportuno design de produto e um modelo de negócio circular trará uma eminente vantagem competitiva
Apesar da economia circular ser um conceito estratégico estudado pelos investigadores, há ainda oportunidades de futura investigação de subtópicos associados ao tema. A crescente preocupação com o aquecimento global e as suas respetivas consequências levou as organizações a repensarem os seus modelos de negócio, a fim de reduzirem o seu impacto ambiental nocivo. Contudo, há ainda pouco desenvolvimento no que diz respeito aos modelos de negócio e design de produto circulares. Desta forma, este artigo tem como principal objetivo introduzir, brevemente, as diversas estratégias circulares existentes e mais comuns.
Os modelos de negócio da economia linear baseiam-se na produção de produtos com um curto ciclo de vida, que visam reproduzir lucros para as organizações. Sendo a finalidade baseada no retorno positivo de investimento, a produção recorre ao uso de combustível fóssil, uma substância com elevado grau de contaminação e fácil acesso. Em contraste, os modelos de negócio da economia circular focam-se no fluxo de produtos ao longo do tempo mediante uma reutilização de produtos e materiais. Assim, as estratégias circulares adotadas focam-se na aplicação de ciclos fechados que podem ser atrasados ou completamente fechados (ou seja, os produtos/materiais são continuamente reutilizados, não saindo do ciclo pré-estabelecido). Neste artigo, focaremos a nossa atenção nos ciclos de recursos fechados.
Em geral, os sistemas cíclicos baseiam-se em dois tipos de ciclos: 1) reutilização de materiais ou 2) reciclagem de materiais. O primeiro ciclo implica uma extensão do ciclo de vida dos produtos efetuado através de um design de produto adequado ou da reutilização do produto mediante uma reparação ou atualização. Como resultado, há uma diminuição do fluxo de materiais desde do processo de produção até à reciclagem. Já o segundo tipo de ciclo exprime o encerramento do ciclo dos resíduos entre o desperdício da pós-utilização e produção.
Design de produtos circulares
O design de produto é um ingrediente fundamental para a integração da economia circular em qualquer organização, logo é a primeira etapa que uma organização deve se debruçar e refletir. De acordo com a literatura, existem 3 estratégias de design para o encerramento de ciclos de recursos:
- Design para um ciclo tecnológico: esta estratégia adequa-se a produtos de serviços, na medida em que os materiais são continuamente reciclados e originam novos produtos.
- Design para um ciclo biológico: interliga-se com produtos de consumo. Os materiais são desenhados para, ao longo do tempo, se decomporem e darem início, de forma natural, a um novo ciclo.
- Design para um ciclo de desmontagem e remontagem: este ciclo contribui para os dois ciclos anteriores, e foca-se na desmontagem e remontagem de materiais de uma forma simples e clara.
Modelos de negócio circulares
Frequentemente, os modelos de negócio estão profundamente enraizados dentro de uma empresa, sendo a sua mudança bastante desafiante. Maioritariamente, os modelos de negócio definem a identidade e cultura de uma empresa, tendo um impacto profundo na sua sustentabilidade económica. Da perspetiva da inovação, os modelos circulares são inovações radicais, uma vez que sofrem com uma transformação exigente. No entanto, estes acrescentam valor às empresas e são uma fonte de vantagem competitiva no mundo empresarial. A mudança para os modelos de negócio circulares envolve uma nova forma de pensar e fazer negócio, o que poderá causar desafios operacionais, financeiros e culturais. Assim, para o fechar os ciclos de resíduos, há duas estratégias de referência:
- Aumentar o valor dos recursos/materiais: este aumento refere à reutilização de materiais outrora considerados como lixo. Esta reutilização dá origem a novas fontes de valor para as organizações.
- Simbiose industrial: dedica-se à inserção de lixo de um processo para outro processo ou linha de produção. Esta estratégia tem uma abordagem de manufatura/produção.
Por conseguinte, as novas formas de design de produto e os novos modelos de negócio têm que emergir em simultâneo para contribuírem para o aumento da vantagem competitiva. Ademais, as organizações beneficiam de uma redução de custos e criação de novos ramos de negócio alicerçados numa redução de desperdício.