Estarão os portugueses a par da economia circular? Esta é uma das perguntas à qual o questionário realizado do âmbito do projeto Green My Way pretende responder
No âmbito das atividades do observatório de Economia Circular, Green My Way, foi realizado um questionário sobre o tema que visa a compreensão do conhecimento de um determinado grupo alvo. O questionário aferiu estudantes (básico, secundário e universitário), professores, associações, empresários, entre outros, tendo como primordial objetivo obter a resposta desta amostra em relação a algumas questões temáticas.
Não é novidade que o tema da economia circular (EC) está cada vez mais presente no quotidiano do cidadão, bem como no meio empresarial, havendo diversas empresas interessadas em assumir um compromisso mais sustentável com o planeta Terra. O interesse por esta área de estudo é evidente e tem uma tendência crescente em ser adotado pelas várias entidades públicas e privadas. Tal deve-se ao aumento de estudos nesta área e aos graves problemas ambientais, o que obriga os especialistas a encontrarem soluções mais eficazes e sustentáveis.
Posto isto, este questionário surgiu com a necessidade de analisar o grupo alvo do projeto Green My Way, a fim de compreender as suas dinâmicas, hábitos e conhecimentos em relação à economia circular. Assim, foram realizadas cerca de 10 questões sobre o tema mencionado, questionando sobre as vantagens, impactos, obstáculos, oportunidades e ações.
Informações sobre a Amostra
O questionário recebeu um total de 75 respostas, provenientes de diversos públicos. Uma grande fatia da amostra são os estudantes do secundário, atingindo 33,3%. De seguida, observa-se o estudante universitário com uma representação de 14,7%, e ainda o professor do secundário, representante de 10,7% da amostra. Adicionalmente, mas com representatividade inferior, observa-se o estudante do básico (9,3%), profissional na área (9,3%), empresário (2,7%), entre outros.
Este estudo é meramente representativo, não traduzindo o conhecimento geral da população portuguesa. Baseia-se apenas nas respostas dadas pelos entrevistados.
Principais Resultados do Questionário
1.Conhecimento sobre o Conceito
Apesar de a amostra ser numericamente pequena, pode-se retirar algumas conclusões e dados interessantes. Assim, verifica-se que os questionados apresentam um bom conhecimento sobre o conceito da economia circular, o que poderá indicar que as entidades (públicas ou privadas) têm aplicado esforços na promoção do conceito, ou a população em geral tem interesse em conhecer mais sobre esta temática. Tendo sido questionados sobre os seus conhecimentos sobre a EC numa escala de 0-10, 33,3% da amostra respondeu com o valor numérico 7, o que indica que têm bons conhecimentos sobre a EC. Em seguida, 13,3% dos entrevistados caracterizaram o seu conhecimento com um 8 e 17,3% aferiram o valor 5 na escala de 0-10.
2. Vantagens da EC
Após reconhecerem o conhecimento sobre a EC, questionou-se sobre as vantagens deste termo. Nesta secção verifica-se um consenso de informação por parte do público alvo, tendo a maioria respondido que a EC tem como principais vantagens:
- Reduzir o consumo de recursos
- Aumentar a reutilização de produtos em fim de vida
- Aumentar a reciclagem de materiais
Em geral, as respostas centram-se sobretudo na redução de desperdício, o que, em consequência, provoca uma diminuição do impacto ambiental. Poucos foram aqueles que consideraram os aspetos económicos e sociais aliados à EC, o que expressa que a temática é diretamente ligada à sustentabilidade. Desta forma, é importante fazer esforços no sentido de dar a conhecer ao público todas os benefícios sociais, económicos e ambientais que a economia circular provoca.
3. Obstáculos e Oportunidades
Quando questionados sobre os obstáculos relativos à economia circular, os entrevistados referem que o principal obstáculo relaciona-se com o insuficiente conhecimento dos princípios da EC (57,3%), o que indica que apesar de a amostra demonstrar um bom conhecimento sobre este conceito, têm a perceção de que ainda há margem de melhoria na promoção e divulgação da EC. Esta última afirmação confirma-se com a presença de 35 votos na seguinte alínea: “Consumidor desconhece ou não valoriza a EC”, tendo uma representação de 46,7% do total da amostra.
Em consequência dos obstáculos apresentados, foi interrogado sobre as oportunidades futuras da EC. Nesta resposta é claro o posicionamento da amostra que aprensenta que há uma necessidade de aumentar a divulgação das oportunidades e financiamento, bem como as campanhas de sensibilização junto dos estudantes. Deste modo, a comunicação relacionada com a EC em Portugal apresenta vulnerabilidades que repercutem negativamente nos potenciais impactos deste conceito.
4. Ações de Participação
Confirma-se que ao nível das ações de participação relacionadas com a EC há igualmente um consenso generalizado sobre as iniciativas às quais colaboraram. Por conseguinte, as atividades são sobretudo campanhas de sensibilização a consumidores, reciclagem diária e debates escolares. Igualmente, há uma percentagem que afirma que nunca participou numa iniciativa associada à economia circular. Estas iniciativas surgiram com o objetivo de promover a redução do desperdício (46,7%), sensibilizar o consumidor sobre o conceito (37,3%) e incorporar matérias-primas recicladas no quotidiano (21,3%). Novamente, as ações centram-se na gestão e diminuição de resíduos.
Em conclusão, apesar dos bons resultados de conhecimento relativo à EC, há ainda diversas oportunidades no que toca à divulgação deste conceito na sociedade. É evidente a insuficiente comunicação às massas que desconhecem os princípios da economia circular. Assim sendo, a informação poderá ser a solução para a diminuição da pegada ecológica e aumento de hábitos mais sustentáveis em Portugal.